O Conselho de Leigos da Arquidiocese
de São Paulo (Clasp) promoveu uma vigília, na noite desta quarta-feira,
12, na Catedral da Sé, para rezar por Francisco, que completa hoje um
ano de pontificado. Desde domingo, 9, Francisco faz sete dias de
exercícios espirituais numa casa de retiro nos arredores de Roma.
Jesuíta, fiel às normas de Santo Inácio de Loyola, o papa não deverá
interromper o recolhimento para receber homenagens, embora o Vaticano
tenha decretado feriado.
As
preces são uma resposta dos fiéis ao apelo de Jorge Mário Bergoglio,
que, ao ser eleito em 13 de março do ano passado, pediu que todos
rezassem por ele. A começar pela Argentina, com celebrações especiais em
Buenos Aires, a cidade natal de Bergoglio, as orações dos católicos se
multiplicam pelo mundo. Todos agradecem a Deus a escolha de Francisco,
com a esperança de que leve adiante o projeto pastoral que assumiu ao
chegar ao Vaticano, num estilo cativante que começa a dar uma nova
imagem à Igreja, mesmo entre os não católicos.
"O
novo estilo de exercer o papado precisa ser acompanhado de reformas e
ações concretas que o sustentem. Dentre elas: reforma da Cúria; colocar
leigos e mulheres em postos de máxima responsabilidade eclesial;
solidificar a transparência comunicativa e financeira; incentivar com
força a consulta às comunidades sobre questões relevantes relacionadas à
família e que serão debatidas no Sínodo dos Bispos sobre a Família;
cultivar ainda mais a liderança de caráter universal de Francisco, posta
positivamente à prova no caso do quase ataque americano e aliado à
Síria", escreve o professor José Maria da Silva, na apresentação do
livro Francisco - Perspectivas e Expectativas de um Papado, coletânea
com artigos de 14 teólogos, a ser lançado hoje pela Editora Vozes.
Não
é pouca coisa, como admite o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo
Scherer, em entrevista à Rádio Vaticano. O cardeal adverte que não devem
ser rápidas e espetaculares, por exemplo, as reformas na Cúria Romana e
nos organismos de governo que ajudam o papa.
Também
falando à Rádio Vaticano, o cardeal d. Cláudio Hummes, prefeito emérito
da Congregação para o Clero e amigo pessoal de Bergoglio – aquele que o
aconselhou, no conclave, a não esquecer os pobres – comenta que o
importante no estilo do papa argentino são o exemplo e a palavra dele.
Refundação
O
teólogo Leonardo Boff afirma que, a exemplo de São Francisco, o papa
está, a seu modo, refundando a Igreja. A reforma de Francisco deverá
incluir a maneira de a Igreja encarar problemas morais, por exemplo em
relação ao acolhimento dos casais divorciados que partem para uma
segunda união. O teólogo Antonio Moser alerta para o silêncio do papa
sobre questões atuais que, antes dele, eram lembradas sempre com
condenações. "É o caso das palavras aborto, sexualidade, casamento gay,
divórcio."
Não
se espera que a Igreja mude sua posição em relação a temas como o
aborto e a eutanásia, mas pode-se apostar em novidades em outras áreas.
Por exemplo, a nomeação de mulheres para cargos de máxima
responsabilidade na Cúria Romana. Mesmo que Francisco não aprove o
sacerdócio feminino, parece certo que avançará nesse campo, segundo a
teóloga Maria Clara Bingemer.
Fonte: Estadão
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